Mudanças Climáticas: Avanço do processo de desertificação no Nordeste brasileiro é noticiado na mídia alemã

Na sua programação para o Brasil (DW Brasil) a empresa pública alemã de radiodifusão, a nível internacional, a Deutsche Welle, divulgou neste mês (fev/2024) uma matéria veiculada para as mídias digitais sobre o Semiárido brasileiro com o título “Como um deserto está se formando no Nordeste do Brasil”. 

 É possível ainda assistir a reportagem completa com entrevistas na plataforma do Youtube intitulada “O imenso deserto que está nascendo no Brasil” . O destaque foi motivado a partir da repercussão de um estudo publicado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) o qual foi elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).


Confira abaixo reportagem da Deutsche Welle:


 O estudo em questão analisou dados de variação de precipitação e evapotranspiração no período entre 1960 e 2020 e aplicou o Índice de Aridez (IA) com a delimitação de valores em três limiares classificados por: árido, semiárido e sub úmido seco. A nota técnica se encontra aqui.

Uma das conclusões é que, de maneira consistente, observa-se um aumento de área classificada com semiárida ao longo das décadas. Além disso, no último período considerado, 1990-2020, observou-se o aparecimento de áreas definidas como áridas no centro da Região Nordeste, que nunca fora observada no país nas décadas anteriores. Os municípios estão concentrados na região norte da Bahia e circundam municípios limítrofes do sertão de Pernambuco, sendo eles: Abaré, Chorrochó e Macururé e trechos de Curaçá, Juazeiro e Rodelas.

Neste cenário, o Centro Cultural Brasil-Alemanha, no Recife, tem atuado com o projeto AGREGA – Agroecologia com Energias Alternativas há cerca de seis anos em municípios do Semiárido de Pernambuco com o foco no enfrentamento aos impactos diretos e indiretos do agravamento das mudanças climáticas.

Divino, agricultor em Afogados participante do projeto AGREGA que aduba a sua plantação com água dos tanques de peixe aumentando produtividade.

No município de Afogados da Ingazeira, sertão do Pajeú, o AGREGA desenvolveu junto a famílias sitiantes e a Prefeitura a implantação de sistemas de cultivo agroecológicos que combinam a geração de energia solar com o aproveitamento desta para manutenção de tanques para psicultura atrelados a sistemas de irrigação e adubação com dejetos dos peixes. Além disso as famílias ganharam freezers para armazenar os seus produtos melhorando assim as condições para sua comercialização. Parte do alimento produzido é vendido para programas federais (PAA, PNAE) que atuam junto a projetos que atendem famílias em vulnerabilidade social e enfrentam insegurança alimentar.

No município de Itacuruba, no vale do rio São Francisco, o CCBA – contando com apoios de organizações alemães como Atmosfair ggmbh, Brasilieninitiative Freiburg e do governo Alemão – está desenvolvendo com o povo Pankará na Aldeia Serrote dos Campos em cooperação com a UFRPE/UAST e IF-Sertão em Floresta o projeto ¨Sitio Experimental Folha Verde – Tecnologias socioambientais com conhecimentos indígenas¨.

A partir da implantação de um sistema agrofotovoltaico que permite o bombeamento de água para abastecimento de cerca de 120 famílias, a irrigação, o plantio de alimentos abaixo das placas solares e a manutenção de sistemas de piscicultura estão sendo desenvolvidas atividades de compostagem (partir de cascas de coco), adubação natural, cultivo de fruteiras, piscicultura e aquaponia. O projeto prevê ainda a implantação de um meliponário, banco de sementes, viveiros e horta com plantas medicinais visando a proteção climática, o fortalecimento da biodiversidade a partir da recuperação de solos e a soberania alimentar.

Gerando energia limpa e produzindo alimentos – o sistema agrofotovoltaico na Aldeia Serrote dos Campos