No dia 9 de janeiro, o Projeto AGREGA realizou uma Oficina de Compostagem no sítio Xéu, município de Brejo da Madre de Deus, uma das oito iniciativas nas áreas de agroindústria comunitária, irrigação e psicultura que estão sendo desenvolvidas em municípios do interior de Pernambuco. A iniciativa da Ong alemã Brasilieninitiative Freiburg e.V. e do Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) foi lançada em 2018 com o intuito de reforçar a agroecologia com a utilização de energias renováveis em Pernambuco.
A agrônoma do Projeto AGREGA, Simone Miranda foi a facilitadora da Oficina direcionada às famílias de agricultores, com o objetivo de que eles próprios aprendam a técnica correta de fazer o composto orgânico. Em dezembro do ano passado ela realizou uma visita ao Sítio Xéu para definição da área de 60 m² para compostagem e a avaliação das condições para produção de composto orgânico a partir dos materiais disponíveis na propriedade.
Pelas condições locais, foi definido que o composto orgânico seria construído a partir de capim elefante e esterco bovino em leiras estáticas, com revolvimento inicial. Para disposição das leiras é necessário que seja sem contato com o solo e que fique coberto nas épocas de chuva, para evitar o excesso de umidade durante o processo de compostagem.
O primeiro passo na Oficina foi estender a lona na área destinada ao composto, a partir daí foram colocadas camadas de capim elefante (fonte de carbono) e de esterco de gado (fonte de nitrogênio), na proporção de três partes de carbono para uma parte de nitrogênio. Os agricultores participantes da Oficina decidiram fazer também outro composto utilizando a palha de morango e resíduos da horta junto com o esterco de gado.
Após a colocação das camadas de capim elefante e esterco de gado, todo esse material foi molhado e misturado, formando as leiras que devem ficar em processo de fermentação até que o material orgânico esteja no ponto de ser utilizado na adubação da lavoura. Os agricultores familiares do sítio Xéu produzem frutas, verduras e hortaliças, mas a principal produção é a de morango, sendo que todos os produtos são orgânicos e comercializados na feira do município.
A Oficina transcorreu dentro de uma metodologia participativa, com um diálogo construtivo entre a facilitadora e o agricultor sobre questões como o tamanho ideal do composto, a relação leguminosa e autonomia do agricultor, resultando em um processo de construção coletiva, com questionamentos e procedimentos práticos. Para Simone Miranda “a Oficina busca aprimorar a técnica na propriedade visando a obtenção de composto orgânico que atenda às necessidades de adubação dos canteiros de morangos e de hortaliças (adubo com lenta disponibilização dos nutrientes – composto ainda não estabilizado) e também às necessidades de material para substrato para produção de mudas de hortaliças (adubo com imediata disponibilização de nutrientes – composto maturado).”
O composto pode ser produzido em galpões de compostagem ou sobre lona. A mais indicada é ‘lona de carreteiro’ encerada e impermeável com maior durabilidade. A cobertura do composto também pode ser feita com lona. Para a agrônoma Simone Miranda “a importância do composto orgânico para as famílias de agricultores do sítio Xéu consiste em otimizar os diversos materiais orgânicos disponíveis na propriedade a fim de obter um adubo orgânico que atenda às necessidades nutricionais dos cultivos, assim como possibilitar a maior autonomia dos agricultores em relação à produção de adubo na propriedade.” Portanto, ele deve ser construído com materiais coletados no próprio sítio e essa técnica beneficia tanto o solo quanto a produção de frutas, verduras e hortaliças, visando o consumo saudável.
Leia mais:
Publicação (em pdf) sobre compostagem da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju/SE), muito boa e completa, abordando as diferentes formas de fazer composto.
Abaixo seguem três links para vídeos produzidos por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ). Dois vídeos sobre compostagem vegetal, a qual usamos o modelo com adaptações para a realidade do Sítio Xéu, utilizando resíduo animal (esterco de gado, como fonte de N), porém com a mesma metodologia dos vídeos a seguir. O último vídeo sobre minhocultura também traz dicas importantes sobre o manejo da matéria orgânica na propriedade e também como mais uma opção de produto agroecológico. Seguem os links:
Composto 100% Vegetal – Embrapa Agrobiologia – Seropédica/RJ
Compostagem orgânica vegetal como fazer – Embrapa Agrobiologia – Seropédica/RJ
Minhocultura: alternativa agroecológica para reciclagem de resíduos orgânicos – Embrapa Agrobiologia – Seropédica/RJ