AGREGA participa de Workshop Internacional sobre energia solar realizado pelo CCBA

por Catarina de Angola*

Na última quarta-feira, dia 04 de setembro, o Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA) realizou, junto com  a fundação alemã de ciência e tecnologias aplicadas Fraunhofer Institut/Chile Research, o Workshop Internacional Energia Solar e Desenvolvimento Local Sustentável, no Recife, com o objetivo de discutir o problema da concorrência entre o uso da terra para grandes projetos de geração de energia solar e para a agricultura familiar. Atualmente, o CCBA realiza, em várias regiões do Sertão de Pernambuco, o Projeto AGREGA – Agroecologia com Energias Alternativas, visando o reforço da agroecologia com a utilização da energia solar.

O evento contou com a presença de pesquisadores da área das energias alternativas, gestores públicos, universidades e organizações sociais, além da equipe do Projeto AGREGA. Durante o workshop, também foram discutidos os impactos que, dependendo da abordagem realizada, a implantação de projetos de energia alternativa pode causar em localidades de sua instalação.

Evento foi realizado na sede do CCBA, no Recife/PE. | Foto: Ana Roberta Amorim.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) realizou, inicialmente, uma apresentação sobre “A política do clima em Pernambuco”. Samanta Della Bella, diretora da área de Sustentabilidade e Clima da Semas, destacou a reativação do Fórum Pernambuco de Mudanças Climáticas, em maio deste ano, que visou discutir políticas públicas sustentáveis e medidas para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Ela também destacou a Conferência Brasileira de Mudança do Clima a ser realizada no Recife, em novembro. O encontro reunirá governos, movimentos sociais, organizações não governamentais e comunidade científica a fim de se mostrar alinhado ao Acordo de Paris, para que empresários renovem os compromissos com o desenvolvimento sustentável e mostrem soluções e tecnologias que fazem progredir os resultados da governança climática. “Pernambuco é um hotspot de vulnerabilidade das mudanças climáticas”, afirmou e chamou a atenção para as ameaças do litoral onde grande parte da população urbana de Pernambuco reside. Em relação ao Agreste e Sertão Samanta Della Bella aponta cenários com aumento de processos de desertificação em decorrência do aumento da temperatura e diminuição de chuvas.

Logo depois, Alcides Codeceira Neto, professor adjunto da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE), Engenheiro da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e integrante da rede CCBAlumni Netzwerk Brasil + Alemanha abordou os desafios e experiências para a geração de energia solar no estado. O pesquisador falou sobre as potencialidades do Brasil em ser um gerador de energia solar, principalmente no Nordeste. Ele destacou a instalação da primeira etapa da usina fotovoltaica flutuante no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. Além disso apresentou o Centro de Referência em Energia Solar de Petrolina (Cresp), da Chesf , e explicou ainda o funcionamento e as potencialidades da tecnologia do ¨Concentrated Solar Power¨ onde a energia solar é captado e concentrado por grandes espelhos para aquecer um líquido que movimenta uma turbina para geração de energia.

Foto: Ana Roberta Amorim.

Os engenheiros Patrícia Geese e Gonzalo Ramirez Sagner apresentaram no workshop o Agrivoltaic, projeto que visa unir a produção de energia solar e o cultivo de alimentos com foco em agricultores e agricultoras familiares, numa parceria entre a fundação de pesquisa alemã Fraunhofer e a Pontificia Universidad Catolica de Chile. A proposta consiste na instalação de painéis fotovoltaicos em áreas de plantações de legumes e verduras, como batata e alface, aliando a produçãoA proposta consiste na instalação de painéis fotovoltaicos, numa altura entre 3 a 5 metros, em áreas de plantações de legumes e verduras, como batata e alface, aliando a produção de energia à de alimentos, economizando espaço na Região Metropolitana de Santiago de Chile e sendo menos agressivo ao meio ambiente. O debate sobre esse projeto foi todo em volta de como esse modelo possa servir como referência para regiões do semiárido no Nordeste estimulando o desenvolvimento e financiamento de projetos para apoiar pequenos e médios produtores e a agricultura familiar.


O pesquisador Heitos Scalambrini. | Foto: Ana Roberta Amorim.

A última mesa de apresentação foi do físico e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini, que falou sobre a união entre a produção de energia solar e a agricultura familiar no Nordeste. “Não existe energia limpa. Não existe energia que de uma forma ou de outra não traga algum impacto. Seria correto chamar menos suja, porque a suja nós sabemos, são aquelas derivadas do petróleo. Então a energia solar, eólica, são as menos sujas, pois elas causam impacto social e outros. Agora, existem formas de instalação, de implantação que diminuem muito esses impactos, mas lamentavelmente, por uma mera questão econômica, não são adotadas”, argumentou Heitor, que também assessora o CCBA na implantação do Projeto AGREGA – Agroecologia com Energias Alternativas que é fruto do CCBA com a Brasilieninitiative Freiburg e.V e que reforça a agroecologia em Pernambuco, através do emprego de energias alternativas.

No debate final, destacou-se a necessidade de aprofundar discussões sobre marcos legais e políticas públicas que permitam a participação efetiva de pequenos produtores, suas associações e cooperativas na produção e comercialização da energia solar. Obtendo assim mais uma fonte de renda ou utilizando a energia solar no beneficiamento de produtos agrícolas contribuindo assim para o desenvolvimento local. O Diretor do CCBA, Christoph Ostendorf, afirmou que haverá no próximo ano um programa do Centro para reforçar esses debates e reflexões sobre justiça ambiental.

*Com informações de Ana Roberta Amorim (Angola Comunicação)